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Joel Ayres da Motta Filho: o país sobrevive apesar dos seus políticos – Balcao News – Notícias de BH

 

O empresário brasileiro, o setor produtivo e a sociedade como um todo, sobrevivem às turbulências e a inércia causada pelos políticos, independente de quem esteja no Poder.

Essa a constatação do empresário Joel Ayres da Motta Filho (foto/reprodução internet), da JAM Engenharia, que percebe o crescimento de vários setores. Mas ele alerta para a situação em Minas Gerais. O estado, segundo ele, está quebrado e depende de recursos dos municípios para realizar alguma obra. As verbas federais, como aconteceu em governos anteriores, devem passar longe do estado.

O segundo ano do governo Lula traz alguma perspectiva para o setor produtivo?

Sinto que o Brasil é maior do que qualquer coisa. Temos uma inércia e o que podemos dizer é que para o Brasil andar, ele independe de governos e desgoverno. Nós somos tão autônomos, que mesmo com todos os atropelos de qualquer governo, o país ainda dá certo e vai dar mais certo ainda.

A economia brasileira sobrevive apesar do governo?

A economia e o setor produtivo brasileiro sobrevivem em qualquer governo ou desgoverno.

Muitos empresários esperavam mais ação do Congresso Nacional depois do Carnaval. Em ano eleitoral é mais difícil aprovar as matérias necessárias?

Na verdade, as reformas existem para serem negociadas. Todas as reformas são objetos de negociação com a sociedade e com os políticos. Agora, em ano eleitoral ninguém vai tomar uma decisão que seja impopular. Eu mesmo sou a favor de que qualquer mudança que seja traumática tenha uma duração, um período para entrar em vigor. Isso porque a pessoa só vai votar contra ele, contra os benefícios que ele tenha e contra os ganhos que ele tem, só vai votar contra a partir do momento que ele já tiver aquele direito adquirido.

Então, é muito difícil você ter alguém que vote contra si mesmo, em favor da sociedade. Eu acho que toda proposta que seja traumática e boa para o país, tenha um prazo para entrar em vigor, senão os políticos só votariam isso contra, ou votariam a favor, desde que eles não sejam impactados e não afete a popularidade, nem os benefícios que ele tem.

A sua empresa atua em um setor que tem muito impacto na construção civil? Se a construção está bem, se a economia está bem, seu setor avança? Qual a sua percepção do mercado?

Eu estou sentindo que tem alguns segmentos que estão decolando, como por exemplo, o setor de TI e Data Centers no Brasil. É impressionante como eles estão investindo no Brasil. Isso por causa da segurança geopolítica, porque hoje para se ter qualquer represália contra o Brasil vai ser muito difícil. Ter os dados do mundo armazenados aqui no Brasil traz uma segurança para quem tem esse dado armazenado, enquanto Estados Unidos, Europa, Ásia, são regiões onde pode ter qualquer conflito, uma guerra, que possa atrapalhar essa questão desses dados armazenados. Eles são mais vulneráveis do que o Brasil nesse caso. Tem os atentados, além de questões climáticas como furacões a inundações. O Brasil, graças a Deus, é imune a isso.

Só tem turbulência política?

E mesmo assim, essa turbulência é mais midiática do que efetiva. Na verdade, a pessoa que está fazendo a turbulência no governo, enfraquece quando muda o governo. A turbulência, vira um ventinho e vai para o outro lado.

Os governos da região Sudeste estão negociando com o governo federal a renegociação das dívidas dos Estados. Essa renegociação pode significar mais recursos para obras?

Eu acho que não, porque, na verdade, o que que aconteceu? Quando existia dinheiro, na época do Lula, nunca foi investido nada aqui. Na época da Dilma, que era uma mineira, nunca foi investido nada aqui. Depois, com Bolsonaro, também eu não vi nada. Agora, com Lula novamente, temos mais promessas. Ou seja, em Minas Gerais não vemos investimentos no metrô, em uma ponte, investimento em um viaduto. A gente só vê coisas bem pequenas e localizadas. Olha o tanto que a população de Belo Horizonte e Nova Lima precisam daquela obra em uma rua de acesso às duas cidades, para desafogar o trânsito. Um buraco no meio da rua acabou com o trânsito da zona sul. Um buraco? Olha a vulnerabilidade.

Tem a questão do meio ambiente, do barulho, do tráfego. O certo é que um buraco acabou com a zona sul. Nós não conseguimos alargar um viaduto do Belvedere. Uma meia pista. Enquanto São Paulo faz um Rodoanel, faz metro, faz tudo, nós não conseguimos alargar uma pista de um viadutozinho. Eu não acredito que venha investimento federal para Minas. Não tem grandes obras, nem pequenas em Belo Horizonte nos últimos 10 anos.

Enquanto isso, nós temos uma carnificina no Anel Rodoviário. Além disso, o governo estadual quebrado. Está dependente do governo municipal. Nós vivemos hoje em um municipalismo mineiro. Para fazer uma obra para tapar um buraco na estrada de Nova Lima, a prefeitura tem que transferir o dinheiro, para o Estado poder consertar. A estrada entre Sabará e Nova Lima, Nova Lima tem que transferir dinheiro para fazer a obra. A saída hoje está no aeroporto, porque temos que pegar o avião e ir para São Paulo para ter negócio. Temos que ir para São Paulo buscar serviço.

(Entrevista ao Blog do PCO – Paulo César de Oliveira.)

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Fonte: Balcão News

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